8 de fevereiro de 2008

História nº 4

Os seus caminhos cruzaram-se pela mão da poetisa Natália Correia, num encontro que viria a mudar as suas vidas: "Ela é uma princesa nórdica que jaz adormecida num esquife de gelo à espera que venha um príncipe encantado dar-lhe o beijo de fogo. E esse príncipe é você. Porque ela é a mulher da sua vida. Telefone-lhe e convide-a”. Ele assim fez. Foi, na verdade, o primeiro dia do resto das vidas deles. Apaixonaram-se e nem a morte os haveria de separar.
Eram ambos casados, nos primórdios da democracia, no Portugal conservador do pós 25 de Abril. Amaram-se, mesmo assim, num amor profundo e sereno, contra tudo e contra todos: não quebraram perante interesses políticos nem tão pouco cederem a pressões de ordem moral ou familiar.
Ele era advogado, oriundo da alta burguesia do Porto e figura de relevo no quadrante político português: deputado, fundador do PPD/PSD e, depois, primeiro-ministro; ela, distinta, inteligente e culta, viera da Escandinávia e fundara a Publicações D. Quixote, reputada editora do mundo livreiro.
Nunca puderam casar, porque a mulher dele não lhe concederia o divórcio, mas a todos exigiu que a considerassem como tal: “Se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo”.
A 4 de Dezembro de 1980, cinco anos depois de terem iniciado a sua relação, morreram abraçados, quando o avião em que seguiam de Lisboa para o Porto se despenhou alguns minutos após ter descolado.

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