9 de dezembro de 2009

Almeida Garrett

"Este é um século democrático: tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo... ou não se faz." Almeida Garret

Almeida Garrett nasceu no Porto, em 1799, no seio de uma família da burguesia endinheirada e cedo manifestou a sua inteligência. Aos treze anos teria composto a tragédia Xerxes. Aos dezassete ingressou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde bebeu os ideais liberais e depressa se arvorou em mentor dos estudantes que ansiavam por reformas sociais e políticas. Terminado o curso, abraça a política e a causa liberal, alternando o exílio e o exercício de altos cargos públicos ao sabor das vitórias e das derrotas dos liberais.
É de sua responsabilidade a reorganização do teatro nacional, devendo-se-lhe a criação do Teatro Nacional D. Maria.
Temperamento ardentíssimo, tal como Carlos (Viagens na Minha Terra) também ele tinha «energia demais, poderes demais no coração», vivendo até idade avançada uma vida sentimental agitada e muito intensa.
Presumido no vestir, procurava dissimular os defeitos físicos, e raras vezes dizia ao certo a idade que tinha. Costumava gabar-se da capacidade de trabalho. Afirmava ter escrito o Frei Luís de Sousa em treze dias, o que levou Ramalho Ortigão a dizer, ironicamente, que Garrett escrevia em algumas horas da noite todo o 1.º acto dessa obra prima e gastava uma manhã inteira a barbear-se e a perfumar-se.
Garrett, considerado o introdutor do Romantismo na literatura portuguesa, cultivou com mestria, as três formas naturais de literatura: lirismo, narrativa e drama e é considerado o introdutor do Romantismo na literatura portuguesa.
Da sua vasta obra destacam-se Romanceiro (recolha de poesias de tradição oral), a peça de teatro «Frei Luís de Sousa», o romance «Viagens da Minha Terra» e a colectânea de poemas líricos «Folhas Caídas».
Almeida Garrett morreu a 9 de Dezembro de 1854.

Um poema simples mas muito bonito, de Almeida Garrett: Barca Bela

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela, Oh pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela, Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela, Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la, Oh pescador.

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela Oh pescador!