8 de dezembro de 2009

O 8 de Dezembro e Florbela Espanca

"Eu sou a que no mundo anda perdida"

Foi a 8 de Dezembro (1894) que Florbela Espanca nasceu e foi também a 8 de Dezembro que se casou, pela primeira vez. Foi ainda a 8 de Dezembro (1930) que aos 36 anos pôs termo à vida e ao enorme sentimento de solidão e abandono que lhe foi consumindo a atribulada existência: "De mim ninguém gosta, de mim nunca ninguém gostou...".

De temperamento ardente, Florbela Espanca iniciou-se cedo na poesia, com a mesma tristeza e amargura com que foi desfolhando os magros dias que viveu: "Aos oito anos já fazia versos, já tinha insónias e já as coisas da vida me davam vontade de chorar."
Cultivou o soneto com perícia e em 1919 saiu a lume o seu primeiro livro de poesia, "Livro de Mágoas". Em 1923 vê publicado o "Livro de Soror Saudade" e no ano da sua morte "Charneca em Flor".

Florbela Espanca, por ela própria:
"Eu digo-lhe já como são meus cabelos e meus olhos: os cabelos são negros, mas ainda assim nem tanto quanto a minha alma, pelo menos com o vestido que traz hoje; e os olhos são pardos, sombrios, profundos e maus. Sou pálida, alta e delgada..."

"Vou descrever-lhe desde já meu péssimo carácter: sou triste, imensamente triste, duma tristeza amarga e doentia que a mim própria me faz rir às vezes. É só disto que eu rio, e aqui tem V.Exa. no carácter uma sombra negra, enorme, medonha: a hipocrisia!..."
"...Não conto a ninguém esta tristíssima inferioridade de me sentir exilada de toda a alegria sã, franca; não mostro a ninguém a miséria de inadaptável, de insaciada..."

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