29 de novembro de 2009

Fernando Pessoa

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens." Fernando Pessoa, O Eu Profundo

Quando morreu a 30 de Novembro de 1935, poucos faziam ideia da verdadeira grandeza literária de Fernando Pessoa. O seu nome foi crescendo à medida que foi passando o tempo, após a sua morte, e depois da descoberta de uma simples arca de madeira de onde foram emergindo, como que por magia, milhares de inéditos, manuscritos ou dactilografados, que ultrapassaram todas as expectativas, tanto pela quantidade e qualidade como pela variedade de temas, géneros e estilos.
Hoje, é considerado o maior poeta da língua portuguesa ao lado de Luís de Camões e o seu nome é importante em todo o mundo. Em vida, publicou apenas um livro, Mensagem, e semeou alguns versos e polémicas nos jornais e em revistas literárias. No entanto, a vida do poeta foi dedicada a criar e, de tanto criar, criou outras vidas, desdobrando-se em múltiplos poetas, dando corpo e voz a diferentes estilos e visões do mundo, através de mais de setenta “personalidades fictícias” que atingiram o auge com o assombroso quarteto que haveria de transformar a história da literatura portuguesa: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares, cada um, só por si, merecedor de figurar em qualquer cânone da poesia mundial.

Fernando Pessoa nasceu a 13 de Junho de 1888 numa familia de ascendência "misto de fidalgos e judeus", que prezava a arte e a cultura. Aos sete anos, em virtude do segundo casamento da mãe, foi viver para Durban, África do Sul, onde passou a juventude e teve exigente educação anglófila. Regressou definitivamente a Portugal em 1905 e frequentou a Faculdade de Letras sem, porém, nunca ter terminado o curso. Trabalhou em profissão cuja "designação mais própria será "tradutor", a mais exacta a de "correspondente estrangeiro" em casas comerciais. O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação", segundo o próprio. Ao longo da vida conheceu-se-lhe uma única relação amorosa que não vingou porque o seu destino "pertence a outra Lei… a minha vida gira em torno da minha obra literária – boa ou má, que seja, ou possa ser.”

Apesar do porto seguro que sempre teve no seio da família, Pessoa viveu em constante desassossego espiritual e afectivo, atormentado por sucessivas crises de depressão: "Doi-me a vida aos poucos, a goles..."

A solidão e a bebida, companheiras cada vez mais frequentes, iam-lhe minando o espírito e o corpo, "cada vez mais perto do mito, cada vez menos perto de mim".

“I know not what tomorrow will bring” ou “Eu não sei o que o amanhã trará”, foi a última frase escrita pelo poeta, na véspera da sua morte.

Hoje, volvidos 74 anos da morte de Fernando Pessoa, curvamo-nos perante a sua genialidade e convidamos-te a ti, também, a prestar-lhe homenagem ouvindo o Poema do Menino Jesus de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, pela voz de Maria Bethania.

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