15 de outubro de 2009

Recordar Manuel da Fonseca

Digam à minha neta! Digam que ela tem razão!..."Um homem só, não vale nada." (Manuel da Fonseca)


Hoje é dia de recordar Manuel da Fonseca, um dos valores inquestionáveis da literatura portuguesa. Nasceu em Santiago do Cacém, a 15 de Outubro de 1911, e morreu em Lisboa, em Março de 1993.
Poeta, contista, romancista e cronista, alentejano de alma e coração, fez da escrita uma arma de intervenção política e social: «Escrevo por ser do contra, por ver nas palavras um berro humano».
A sua obra, tanto a poética como a narrativa, é um grito de protesto e revolta contra os opressores e um apelo à solidariedade para com os mais desfavorecidos e à fraternidade universal.



Ansiedade

Quero compor um poema

onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.

Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"



RECOMENDAMOS E PODES LER NA BIBLIOTECA:

O Fogo e as Cinzas (1951) - um belíssimo conjunto de contos, envolvidos pela atmosfera típica da vida e das gentes do Alentejo - "terra bravia de fomes".

O LARGO
, um dos contos de O Fogo e as Cinzas, narra as inevitáveis transformações e o progresso que se instala com a chegada do comboio a uma vila alentejana: os ferreiros desceram a operários…, os homens separaram-se..., as crianças dividiram-se..., as mulheres cortaram os cabelos, pintaram a boca e saem sozinhas…

Começa assim:
Era o centro da Vila. Os viajantes apeavam-se da diligência e contavam novidades. Era através do Largo que o povo comunicava com o mundo. Também, à falta de notícias, era aí que se inventava alguma coisa que se parecesse com a verdade. O tempo passava, e essa qualquer coisa inventada vinha a ser a verdade. Nada a destruía: tinha vindo do Largo. Assim, o Largo era o centro do mundo.



De Manuel da Fonseca ainda podes ler na Biblioteca:
Aldeia Nova (contos), 1942
Tempo de Solidão (contos), 1973

0 comentários: